20/10/2015 - Texto e fotos: Thiago Moreno / Fonte: iCarros
O Fiat 500e, versão elétrica do simpático compacto da marca, foi apresentado no final de 2012 no Salão de Los Angeles (EUA). Por lá o modelo custa US$ 31.800 (R$ 121.911), mas o governo norte-americano dá incentivos para a compra e o carro pode acabar saindo por até US$ 18.300 (R$ 70.156) dependendo do estado. E não são descontos de impostos, é uma política nos EUA em que os governos estaduais arcam com uma parte do custo de compra de um elétrico. Mas mesmo em terras norte-americanas, o carro é oferecido apenas na Califórnia e no Oregon. E no Brasil? Por enquanto, nem legislação específica para carros elétricos existe direito. Tanto que o 500e nem é vendido oficialmente no Brasil, portanto, não tem preço.
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Ao contrário do i3 e do Renault Zoe, feitos do zero para serem elétricos, o 500e é o único da lista oriundo de um modelo a combustão. Assim, ele não chama tanta atenção na rua como os demais. E olha que ele tenta: as rodas do carro são exclusivas da versão, assim como a grade dianteira e a combinação interna de cores em branco e laranja. Porém, visto de relance, parece apenas mais um 500.
O propulsor elétrico do carro gera 83 kW de potência (ou 113 cv em termos de motores a combustão) e, mais importante, 20,3 kgfm de torque. A versão brasileira 1.4 flex gera 88 cv e 12,5 kgfm com etanol. Mesmo o esportivo 500 Abarth não é muito mais forte que o elétrico: tem 23 kgfm de torque em seu motor 1.4 turbo a gasolina. Porém, o 500e é mais pesado que todos. O flex tem 1.080 kg, o Abarth chega a 1.164 kg e o elétrico tem 1.320 kg por conta das baterias.
Por ter como principal característica o torque máximo disponível em qualquer rotação, o motor elétrico dispensa uma caixa de câmbio convencional. O carro tem transmissão direta para as rodas, ou seja, apenas uma marcha sem embreagem. Para fazer a ré, inverte-se a polaridade da corrente no motor elétrico fazendo-o girar para o outro lado.
Torcudo, fácil de dirigir e extremamente silencioso, o 500e sofre com o tempo de recarga. A Fiat declara que o carro pode rodar cerca de 175 km com uma carga completa, mas no mundo real, foi difícil rodar mais que 120 km. O tempo de carga numa tomada 220V leva 4h de acordo com a marca, mas nas tomadas brasileiras, 2h de carga deram apenas 20% a mais de bateria. Com a carga pela metade, o computador de bordo do carro indicava 2h para recarga completa numa tomada 220V.
A autonomia é outro fator que pode colocar a usabilidade de um carro elétrico em xeque nos dias atuais. Com bateria cheia, o computador de bordo indica carga suficiente para rodar 150 km. Ligou os faróis? A autonomia cai automaticamente 5 km. Ar-condicionado? Subtraia 10 km de seu trajeto. Para ir ao trabalho e voltar não há sustos, mas se algo errado acontecer e você precisar alterar seu trajeto rotineiro, é melhor planejar bem a viagem.
A experiência ao dirigir é muito similar a de um carro convencional. O 500e se comporta muito como o seu “irmão” a combustão. Fácil de manobrar, com ótima visibilidade e a agilidade em ambientes urbanos característica do 500 é reforçada pelo torque instantâneo do motor elétrico. O silêncio a bordo impressiona quem está acostumado com um propulsor normal que vibra e faz barulho. Só para não dizer que não há diferença alguma, a suspensão é mais firme dado o peso extra das baterias e o fato de o modelo avaliado iCarros ser de especificação para o mercado dos EUA.
Agora, conviver com o carro elétrico ainda se mostra algo um tanto distante da realidade brasileira. Principalmente por poucas casas terem tomadas aterradas propriamente, pois, em caso contrário, o carregador se nega a abastecer a bateria. Quem mora em prédios tem uma situação mais complicada, pois não existem vagas com tomadas próximas às vagas da garagem e as que existem são de uso do condomínio e podem gerar uma multa a quem usá-las sem pedir permissão antes. Melhor não perguntar como eu descobri isso.
Outro item que pode atrapalhar é a falta de padronização dos conectores do carregador. Diferentemente do i3 e do Zoe, o 500e usa uma tomada com dois pinos achatados e um redondo, como em computadores antigos. Se você não achar uma tomada nesse padrão ou um adaptador com aterramento, nada de carga para você. Dito isso, é possível afirmar que a locomoção elétrica é realmente o futuro. Confortável, prático (se você tiver um carregador à disposição) e limpo, o carro elétrico espera apenas a adaptação da infraestrutura de nossas vias e casas para ser algo comum. Isso e o preço ser um pouco mais camarada, pois, no fim do dia, ainda se paga preço de sedã grande num pequeno compacto.
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