12/10/2015 - Texto e fotos: Thiago Moreno / Fonte: iCarros
No século XVIII, o filósofo alemão Immanuel Kant levou ao mundo uma obra chamada “Crítica da razão pura”, na qual procura contextualizar o processo de formação conhecimento por meio das experiências que o ser humano pode ter e mostrar que são elas que podem gerar alguns preconceitos na forma de pensar das pessoas.
O Toyota Etios sedã e o Lifan 530 entram em pontas bem distantes da problemática dialética de aquisição de um carro 0km. De um lado, uma marca de renome com uma mecânica sublime, mas visual controverso. De outro, vários equipamentos de série e preço competitivo, mas origem chinesa. Razão para comprar qualquer um deles existe, desde que você deixe os preconceitos no armário. Entre os dois, apenas um passará nessa prova de filosofia, mas quem será?
Comprar ou não comprar, eis a questão
Por que comprar o Etios? Custando R$ 45.190 em sua forma mais básica, X, a versão de três volumes do Toyota Etios entrega um bom nível de equipamentos de série para o segmento. São de fábrica a direção de assistência elétrica, ar-condicionado, vidro elétrico nas quatro portas e travas também elétricas. O carro das fotos, um XS, eleva o preço a R$ 47.990 e acrescenta espelhos elétricos, bancos com acabamento parcial de couro sintético e rádio com conectividade via Bluetooth e USB. Entre os sedãs compactos de entrada, o Etios manda bem no pacote.
Outro ponto positivo do sedã da Toyota é a mecânica. O motor 1.5 flex pode ter apenas 96 cv e 13,9 kgfm - com etanol ou gasolina -, mas é silencioso e entrega acelerações respeitáveis para o tamanho do carro. A melhor parte é linearidade da potência. Seja a 1.000 rpm ou a 4.000 rpm, o propulsor está sempre disposto e não reclama. O câmbio tem engates leves e precisos, mas o curso entre as marchas é um tanto longo. Já a suspensão filtrou bem as imperfeições do piso e se mostrou suficiente para mudanças de direção com segurança, mesmo estando com pneus relativamente finos na medida 175/65. Ponto para o acerto dos componentes.
Por que não comprar o Etios? Em tempos de Ford Ka+, Hyundai HB20S e companhia, com design chamativo e moderno, ter um carro pouco atraente como Etios não é mais uma opção. Por dentro, outros fatores que não são bem-vindos ao mercado nacional: o painel central é algo que leva tempo para se acostumar e, mesmo assim, a leitura é complicada, pois as informações estão dispostas diagonalmente. Com a linha 2015, ao menos, o minúsculo marcador de combustível conjugado ao odômetro se foi. Agora, o equipamento está maior e mais legível. O acabamento interno é muito bem feito. Falha de montagem é algo que não existe no vocabulário do Toyota. Materiais mais simples, sim. O plástico da cabine é rígido e contrasta com o acabamento em preto brilhante do console central.
Por que comprar o Lifan? Antes que comece a enxurrada de preconceitos com o modelo de origem chinesa, vamos aos atributos do Lifan 530: custando R$ 43.990 na versão Talent das fotos, o carro traz de série itens que não são nem opcionais no Etios, como navegação por GPS, tela multimídia de toque e bancos com revestimento integral de couro. A garantia oferecida pela Lifan é de cinco anos, contra três da Toyota, e o visual do 530, se não agrada a todos, ao menos ousa mais.
Por que não comprar o Lifan? O sedã é praticamente o inverso do rival. Enquanto a mecânica e a montagem do Etios são impecáveis, o Lifan não passa sem seus problemas. O motor 1.5 16V não é flex; desenvolve 103 cv e 13,9 kgfm de torque, mas a força só está disponível em rotações mais altas. É preciso rodar a mais de 3.500 rpm para extrair o melhor do propulsor, regime em que se torna ruidoso e o câmbio não tem a precisão do rival, fato que é agravado pela necessidade de constantes trocas de marcha. A suspensão é acertada para o conforto, então a carroceria oscila mais nas mudanças de direção. O acabamento interno não tem nada digno de nota. Os materiais são simples como no rival, mas algumas rebarbas são encontradas aqui e ali.
Se é assim que me querem...
Pode parecer só mais uma cópia chinesa, mas tanto o Etios como o 530 compartilham exatamente as mesmas medidas: 4,3 m de comprimento, 1,5 m de altura, 1,7 m largura e 2,55 m de entre-eixos. Só há mudança na capacidade do porta-malas; o Toyota tem um dos maiores do Brasil, com 562 litros, enquanto o Lifan entrega 475 litros. O 530 é mais pesado, com 1.140 kg, enquanto o Etios tem 955 kg.
Apesar de a escolha ser racional, seja no caso do Lifan 530 ou no do Toyota Etios sedã, os rivais apresentam propostas bem diferentes. O primeiro preza pelo visual e pela melhor relação custo x benefício, enquanto segundo apela para a tradição da marca e dotes mecânicos superiores. Até mesmo sendo apenas racional, é preciso fazer uma escolha.
Escolha de Thiago Moreno - A escolha pelo Lifan 530 não só é justificável, como completamente compreensível. Com o meu dinheiro, no entanto, eu não pensaria duas vezes antes de baixar na loja da Toyota e tirar um Etios sedã por sua mecânica superior e por considerar o visual como um fator que não está na prioridade da compra.
Acompanhe as novidades do mundo automotivo pelo iCarros no:
Facebook (facebook.com/iCarros)
Instagram (instagram.com/icarros_oficial)
YouTube (youtube.com/icarros)
Veja o resultado na hora e compare os preços e benefícios sem sair de casa.
cotar seguro