02/12/2016 - Thiago Moreno / Fotos: Divulgação / Fonte: iCarros
No último dia 30, a Renault apresentou a nova família de motores SCe para sua linha, com propulsores 1.0 12V de três cilindros e 1.6 16V de quatro que serão utilizados em Sandero, Logan, Duster e Duster Oroch na linha 2017. Já que nem visual, nem equipamentos e nem o acabamento mudaram, resta saber como o novo propulsor 1.0 se comporta no hatch e no sedã. E, apesar do salto em tecnologias, alguns pontos ainda deixam a novidade com alguns espaços para melhorias. O iCarros avaliou Sandero e Logan, ambos na configuração Expression 1.0 que custam, respectivamente, R$ 44.950 e R$ 48.200.
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Os números dos novos motores
No caso do motor 1.0, o tricilíndrico entrega 82 cv de potência a 6.300 rpm e 10,5 kgfm de torque a 3.500 rpm, mas 90% dessa força já está disponível a partir de 2.000 rpm. Com gasolina, respectivamente, os números são 79 cv e 10,2 kgfm. Com esse propulsor, a única opção de câmbio é manual de cinco marchas.
No 1.6, geram-se 118 cv com etanol e 115 cv com gasolina, ambos a 5.500 rpm. O torque é de 16 kgfm a 4.000 rpm com qualquer um dos combustíveis. Porém, esse números são válidos apenas para Sandero e Logan, que também contam com o sistema Start/Stop. Para Duster e Duster Oroch, o 1.6 perde o sistema de desligamento e religamento do motor, mas, com um sistema de escape redesenhado, entrega 120 cv com etanol e 118 cv com gasolina, com torque de 16,2 kgfm em ambos. Os números de pico para potência e torque não se alteram.
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O que há de bom nos motores SCe?
- O bloco do motor é de alumínio, o que reduz o peso do propulsor
- A parte interna do motor, como virabrequim e bielas, foram reforçados
- No lugar de polia, o comando de válvulas é acionado por corrente
- Para o 1.0, o comando é variável na admissão e no escape
- A nova família SCe tem alternador e bomba de óleo inteligentes, controladas pelo computador do carro para otimizar o consumo
- As revisões continuam sendo a cada 10.000 km ou 12 meses de uso
- No uso, o 1.0 testado apresentou pouca vibração e um nível confortável de ruído
- Com a adoção dos novos motores, o acionamento do câmbio, antes feito por varão, é realizado por cabos, facilitando os engates. O diferencial final também foi alongado para aproveitar melhor o maior torque
O que ainda poderia melhorar?
- Mesmo com tanta tecnologia embarcada, os motores SCe ainda usam tanquinho auxiliar para o sistema de partida a frio
- Enquanto diversos concorrentes já possuem direção com assistência elétrica, a Renault optou por um sistema que usa a caixa de direção hidráulica acionada por um motor elétrico
- Para o 1.6, o comando de válvulas é variável apenas na admissão
- Com o bloco maior, você pode ter o controles de estabilidade e tração e o assistente de partida em rampa, mas apenas se for adquirido com o câmbio automatizado Easy’R
- No 1.0, para manter 120 km/h em rodovia, o motor fica a 4.000 rpm, o que resulta no maior consumo rodoviário
Mesmo com espaço para se aprimorar, novo 1.0 surpreende em desempenho
Em pleno final de 2016, vocês leitores poderiam me perdoar por sentar nos Logan e Sandero 1.0 SCe sem muita expectativa, pois, a essa altura e com tantos concorrentes utilizando motores de três cilindros, nada mais poderia surpreender. No final, quem pagou a língua fui eu, pois desci do carro com a impressão de ter andado num dos motores 1.0 aspirados de três cilindros mais bem resolvidos do mercado.
De um lado da balança temos o VW up! aspirado, com o motor tricilíndrico 1.0 que performa muito bem, apesar de exigir rotações mais elevadas para entregar o que tem de melhor. Do outro, o novo 1.0 Fire Fly da Fiat usado no Mobi e no Uno vai bem em baixos regimes, focando na faixa em que a maior parte dos usuários utiliza o carro, mas, em alta, não tem o mesmo fôlego do rival. O da Renault, por sua vez, consegue fazer um belo meio de campo.
A experiência tanto no sedã quanto no hatch foi a mesma, afinal, a diferença de peso entre Sandero e Logan não chega a 10 kg. Logo na saída, o 1.0 SCe mostra bastante disposição, arrancando nos faróis com 1.500 ou 2.000 rpm sem exigir cautela ou abuso da embreagem. Também não trepidações transmitidas à cabine nessa situação.
Em trânsito urbano é o local em que o tricilíndrico fica mais à vontade. Se você conseguir manter o giro sempre acima de 2.000 rpm, nem Sandero nem Logan exigirão redução de marcha, mesmo em ladeiras moderadas e com ar-condicionado ligado. Claro que nas pirambeiras mais inclinadas não há muito o que fazer - no final das contas ainda é um 1.0, mas a disposição com a qual o motor se prontifica a responder desde as rotações mais baixas, empurrando o carro com mais vigor com as menores modulações no acelerador em movimento, foi o que mais positivamente surpreendeu. Numa linha, Tanto Sandero quanto Logan 1.0 ficaram gostosos de se guiar na cidade.
Outro ponto positivo fica para o câmbio. Agora acionado por cabos, não mais por varão, além de ficar mais trepidando dentro da cabine até mesmo engatada, a alavanca ficou com engates mais leves e precisos. Na estrada fica o pênalti de rodar a 4.000 rpm para manter 120 km/h, mas surge outro ponto positivo: o isolamento acústico, que permite pouca intrusão de ruído na cabine mesmo nessa rotação tão elevada. Apenas a direção eletro-hidráulica joga contra, pois não é tão leve nas manobras quanto as caixas 100% elétricas, mas ainda é muito melhor quer não ter assistência alguma.
No demais, como apenas a motorização mudou, Logan e Sandero continuam com os mesmo predicados (ou falta de). O espaço interno é invejável até para modelos de categoria superior e o conforto ao rodar também está entre os melhores. O acabamento poderia aparentar mais qualidade? Sim. O propulsor poderia ter se livrado do tanquinho? Sim. A direção poderia ser elétrica? Também. Aí você olha o quanto a dupla custa e como os preços se comparam com a concorrência e percebe que esses questionamentos ficam pequenos perto dos benefícios que o novo 1.0 entrega.
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