06/10/2017 - Texto e fotos: Thiago Moreno, de Jambeiro (SP) / Fonte: iCarros
Com vendas acumuladas de mais de 13 mil unidades nos EUA até agosto, o Chevrolet Bolt literalmente “causou” nos EUA, ganhando vários prêmios. O iCarros teve um breve contato com o modelo100% elétrico e mostra porque ele é um carro interessante e como o Brasil ainda é um território inóspito para esse tipo de veículo.
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O que é?
O Chevrolet Bolt EV é um projeto da General Motors que foi feito do zero para ser um veículo 100% elétrico. Além disso, está servindo de base para o desenvolvimento de tecnologias de condução autônoma da empresa nos EUA, onde mais de 100 unidades do Bolt rodam em testes sem a necessidade de um motorista.
Entre os componentes que permitem isso, estão itens como a direção com assistência elétrica, conjunto de câmeras com visão em 360º, aviso de mudança de faixa, assistente de permanência de faixa, monitoramento de ponto cego, aviso de tráfego cruzado, alerta de colisão frontal e frenagem de emergência automática. Obviamente, o sistema autônomo adiciona mais uma miríade de sensores, câmeras e atuadores nos carros que estão em teste.
O que tem?
Entre as amenidades, o Bolt na configuração dos EUA a que o iCarros teve acesso trazia também central multimídia com espelhamento da tela de smartphones via Android Auto e Apple CarPlay, ar-condicionado automático, painel de instrumentos digital e câmera de ré. Mas são apenas os principais, pois há até aquecimento para volante, bancos dianteiros e bancos traseiros.
Mecanicamente, o Bolt tem como propulsor um motor elétrico que entrega 203 cv (150 kW) de potência e 36,7 kgfm (360 Nm) de torque. É mais torque que um Golf GTI, por exemplo, que tem 35,7 kgfm. Mesmo pesando 1.616 kg, sendo 429 kg só de baterias, o Bolt acelera de 0 a 96 km/h em 6,5 segundos (padrão americano de aceleração de 0 a 60 mi/h). É um tempo similar ao mesmo Golf GTI, que cumpre a tarefa de 0 a 100 km/h também em 6,5 segundos.
Vai na tomada?
A Chevrolet anuncia uma autonomia estimada de 383 km com uma carga completa das baterias. Mas aí começam as questões com o Brasil. Em uma tomada convencional dos EUA com 120V e 12A, uma carga completa pode levar até 60 horas. Assim, a razão de carga é de 6,4 km de autonomia por hora na tomada. A tomada padrão brasileira, tem 110V e 8A, mais fraca.
Com uma de 220V e 32A, a situação fica um pouco mais prática, pois a carga total leva cerca de 9,5 horas, com uma razão de carga de 40 km de autonomia por hora de carga. Nos EUA, já não é tão incomum se encontrar tomadas em estacionamentos públicos com capacidade variando entre 400V e 600V e 120A. Aí ficam 144 km de autonomia por hora de carga.
Custo Brasil
Nos EUA, o Bolt custa US$ 36.620 (R$ 114.653), mas em alguns estados há incentivos fiscais para carros ecologicamente corretos que podem levar esse valor para menos de US$ 30 mil (R$ 93.927). Para comparar, o carro mais barato da Chevrolet por lá é o Spark, subcompacto que custa US$ 13.000 (R$ 40.701). Sendo assim, nem nos EUA o Bolt é exatamente barato.
No Brasil as coisas ficariam ainda piores, pois o governo não possui nenhum tipo de incentivo fiscal para o uso de carros não poluentes. O cenário de falta de incentivos e infraestrutura é tão sombrio por aqui que a Chevrolet nem chuta um preço estimado para o Bolt. Alexandre Guimarães, diretor de engenharia elétrica da GM para a América do Sul, diz: “não temos nem um estudo de volume estimado de vendas, que seria fundamental para a definição do preço do Bolt”.
Ainda assim, quem quiser um Bolt no Brasil pode recorrer à importação independente. A Direct Imports trará cinco unidades do elétrico para cá, custando R$ 289 mil cada. A primeira, inclusive, já desembarcou em solo brasileiro.
Como anda?
Não é sempre que aparece um carro elétrico para avaliação, então, mesmo com um teste de pouco mais de 1 km dentro de um condomínio fechado, aproveitamos a oportunidade. Em porte, o Bolt lembra um Honda Fit, ou um monovolume alto caso a família Onix tivesse algo desse gênero. O design agrada e não tem cara de que foi feito para ser “diferentão” só porque é elétrico.
Por dentro, o espaço é similar ao do Onix, mas infelizmente, o mesmo vale para os materiais empregados na cabine, apesar de a marca ter se esforçado para dar uma cara descolada para o interior do Bolt.
Os mais de 400 kg de baterias que o Bolt carrega ficam no assoalho. Enquanto deixam o carro um tanto firme nos buracos, ao menos fazem parte da estrutura, dando 28% a mais de rigidez torcional à carroceria e deixam o centro de gravidade bem baixo.
Enquanto a condução se assemelha – e muito – à de um automóvel convencional, o que mais se destaca é o silêncio de operação, uma vez que o motor elétrico mal gera ruído. O câmbio também não tem marchas, faz-se a ré apenas invertendo o sentido de rotação do motor elétrico, que tem apenas uma peça móvel. Isso representa um desafio ao isolamento acústico do carro, já que, sem barulho de motor, fica bem mais fácil ouvir ruídos de vento, pneus ou acabamento. Na pequena volta que demos, nenhum deles apareceu.
O torque é instantâneo e o Bolt acelera com mais força do que sua carroceria sugere. O carro conta com freios convencionais, mas há duas formas de usar a regeneração de energia, que atua nas rodas dianteiras, para parar o veículo. A primeira é uma borboleta atrás do volante que se assemelha a uma borboleta de trocas de marcha.
No Bolt, quanto acionada, liga a regeneração de energia quando o carro não está acelerando. Enquanto cria uma resistência e o carro começa a perder mais velocidade na comparação com uma desaceleração sem uso de nenhum freio, o sistema começa a recarregar a bateria com mais intensidade.
Há também o modo Low, que nada tem a ver com os sistemas de tração 4x4 ou de câmbios automáticos. No Bolt, ele faz com que o sistema de regeneração de energia atue sempre que o acelerador não está em uso. Como faz o carro perder velocidade, calculando bem dá até para usar o carro no trânsito sem pisar no pedal de freio. Tanto que a própria GM chama esse modo de condução de “One Pedal Driving”, ou condução com um pedal só.
O Bolt oferece bom desempenho, boa lista de equipamentos de série e muita tecnologia. A autonomia ainda está um pouco abaixo da média quando na comparação com veículos convencionais, mas a falta de pontos de recarga e o tempo necessário para encher as baterias podem ser empecilhos para ser o único carro de uma família, por exemplo.
No entanto, não são as especificidades do Bolt que inviabilizam seu uso no Brasil. Essa culpa cai mais sobre o governo, que ainda não deu a devida atenção ao uso de carros elétricos, o que resulta na falta de estrutura por aqui. A tecnologia está pronta, nós não.
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