17/04/2015 - Anelisa Lopes, Anamaria Rinaldi e Thiago Moreno / Fotos: iCarros e divulgação / Fonte: iCarros
Em 2003, a Ford criou um segmento em que reinou sozinha com o EcoSport até 2011, com a chegada do Renault Duster. De lá para cá, o utilitário compacto da Ford tropeçou no pé da francesa apenas em 2012, ano de mudança de geração. Mas em 2015, a brincadeira ficou séria com a chegada de novos integrantes na turma. Cada um com seu estilo, mas com um objetivo comum: partilhar deste mercado de utilitários compactos que deverá crescer até 40% neste ano no Brasil.
A Ford respondeu a todos estas ofensivas com o lançamentos de mais uma versão na linha do Eco, totalizando oito opções ao consumidor. Mas será que só esta cartada conseguirá manter o veterano na ponta? O iCarros conheceu cada um dos seus adversários - lembrando que o Duster passou por uma atualização no começo deste mês - e vai mostrar a você quais são os prós e contras de cada modelo. Se cuida, Eco!
- Honda HR-V
Produzido em Sumaré (SP), o Honda aproveitou a carroceria e o câmbio do Fit e o motor 1.8 flex do Civic para estrear o SUV compacto da marca no Brasil. Tem 4,3 m de comprimento, 1,8 m de largura, 1,6 m de altura e 2,6 m de entre-eixos, com um bagageiro que comporta 431 l e conta com mais 6 litros abaixo do assoalho. Seu preço varia entre R$ 69.990 e R$ 88.700
Prós
O principal ponto a favor do HR-V já aparece à primeira vista: seu visual chama a atenção e é harmonioso, lembrando mais um crossover que um SUV propriamente dito. O outro é a versatilidade de seu espaço interno. Além de um porta-malas mais que suficiente para uma família, o banco traseiro possui o mesmo sistema do Fit que permite, além do rebatimento do encosto, a elevação do assento para carregar itens altos, graças ao posicionamento do tanque de combustível abaixo dos bancos dianteiros.
O HR-V sabe se comportar e usar seus 140 cv e 17,3 kgfm de torque (etanol) para deixar as rotações mais baixas. No uso urbano, o trabalho do propulsor e da transmissão do tipo CVT é imperceptível. Outro item amigável para o intenso tráfego urbano é o Auto Brake. Ao lado do freio de mão há mais um botão que aciona essa função. Quando ligado, o sistema se encarrega de deixar o carro freado mesmo com o veículo engatado e sem usar o pedal de freio. Enquanto a velocidade rodoviária é constante e o relevo ajuda, o HR-V atinge 120 km/h a apenas 2.000 rpm, o que aumenta não só no conforto acústico como na economia de combustível.
Contras
Enquanto está bem acertado para uso urbano e rodovias com poucas mudanças de relevo, o HR-V sofre um pouco nas subidas: qualquer mudança exige mais paciência por causa do câmbio CVT. A caixa vai priorizar a potência máxima, atingida apenas em rotações mais elevadas, e o conta-giros vai ficar lá em cima enquanto o motorista demandar mais desempenho. A consequência é que, a partir das 3.000 rpm, o ruído do motor se faz presente na cabine, quebrando o outrora silêncio do habitáculo, e, enquanto os giros sobem, o carro demora para embalar. Apesar de a versão de entrada representar pouco no total de vendas do SUV, ainda é um dos jeitos mais caros de se comprar um carro com calotas.
- Jeep Renegade
O Renegade é um veículo global, primeira experiência do trabalho conjunto entre Fiat e Chrysler após a compra do grupo americano pela gigante italiana. É feito em Goiana (PE) e tem como principal diferencial ser o único da turma a oferecer entre as versões opção de motor a diesel combinada a um câmbio automático de nove marchas. A configuração mais barata do modelo, a Sport, já pode ser equipada com este conjunto mecânico. Sai por R$ 99.900. Para ser um modelo de grande volume, afinal, a Jeep quer destronar o EcoSport com o Renegade, há várias versões do modelo para todos os gostos e bolsos. Em maio, chegará a mais barata da linha, por R$ 66.900. Já a top sai por R$ 116.900.
Prós
Com o Renegade, a Jeep conseguiu unir não só várias características importantes para o cliente de SUV´s compactos, mas como também manteve a essência do que é um utilitário esportivo - com a opção de motor a diesel e tração 4x4 -, sem entrar na eterna discussão de parecer uma coisa sendo outra, como alguns modelos deste mercado que mais fazem a linha crossover.
O casamento entre o motor 2.0 de 4 cilindros e a transmissão automática de nove marchas (na versão Sport, as trocas manuais são feitas na alavanca) é harmônico na cidade e na estrada. Tanto a potência de 170 cv como o torque de 35,7 kgfm a 1.750 rotações não garantem desempenho superesportivo, mas suficiente para quem precisa de agilidade no trânsito e embalo para pegar uma estrada no fim de semana. Vale apontar que há mais isolamento acústico na vibração do motor diesel que no teto solar que equipava a versão avaliada. O barulho de vento se fez bem presente na cabine a partir de 100 km/h.
A direção elétrica também agrada em todos os níveis de condução, assim como a suspensão, que faz a buraqueira das ruas da cidade de São Paulo passar despercebida. Para quem deseja se aventurar no mato, todo o gerenciamento de força entre as rodas (modo esporte, lama, areia e neve) com reduzida, que credencia o motor a diesel no País, é feito eletronicamente por meio de um botão no painel.
Contras
Durante a avaliação do modelo, não houve meio termo no que diz respeito à sua aparência. Alguns passaram por ele e bateram palmas; outros o chamaram de "caixa de fósforo". Não há como negar que a personalidade Jeep foi mantida no Renegade, mesmo ele sendo um modelo de volume. As entradas de ar características, a robustez e o aspecto quadrado do veículo são bem marcantes e são fatores importantes na decisão da compra. Ame-o ou deixe-o na loja.
Apesar de o Renegade levar até três adultos no banco de trás com certo conforto, a capacidade do porta-malas deixa a desejar: são 350 litros contra 362 litros do EcoSport, que já não esbanja espaço. Para uma família com bebê, por exemplo, não há como exagerar no tamanho da mala, caso contrário, o carrinho fica para trás.
Equipar o Renegade Sport com câmera de ré, GPS, volante com controle de áudio e teto solar panorâmico - alguns dos equipamentos que deixam o carro completo como o da foto - vão custar salgados R$ 12.900 ao valor final do veículo. De série, a versão Sport com motor a diesel não traz nada de diferente, além do piloto automático, controle de estabilidade e assistente de descida e subida em rampa.
- Renault Duster
Primeiro concorrente direto do EcoSport, o Renault Duster recebeu pequenas alterações visuais e mecânicas (tanto o 1.6 como o 2.0 ganharam 1 kgfm de torque) para se manter relevante. São novos os faróis, grades, lanternas, para-choques e acabamento interno.
Prós
Com versões começando em R$ 62.990, o Duster é uma das opções mais em conta para quem quer ter seu primeiro SUV e essa é a sua proposta: ser um modelo de entrada com espaço de sobra. Robusto e quadrado de visual, o modelo abriga cinco adultos sem dificuldades. As medidas do Duster são 4,3 m de comprimento, 1,8 m de largura, 1,7 m de altura e tem 2,7 m de entre-eixos. O porta-malas é capaz de receber 475 litros de bagagens. A versão 4x4 oferece até 21 cm de distância em relação ao solo. Além disso, oferece a opção por tração integral na versão mais cara.
Contras
O Duster não tem o visual inspirador do Renegade nem harmonioso como o do HR-V. Então acaba por passar uma imagem mais simples. De todos, é o mais utilitário, pois também tem um acabamento pouco luxuoso.
Apesar do ganho em torque, o bloco 1.6 16V gera 115 cv e 14,6 kgfm com etanol - O 2.0 tem 18,8 kgfm e 148 cv com o mesmo combustível. Mas ainda faltou um pouco de fôlego no motor 1.6 para empurrar os 1.202 kg do SUV, principalmente em regime rodoviário, onde são necessárias uma ou até duas reduções para se fazer uma ultrapassagem, por exemplo. Por último, é o um dos poucos que ainda não adotou o sistema de direção elétrico. O hidráulico que vem de série é pesado em manobras.
- Peugeot 2008
O SUV 2008 quer pegar carona no sucesso do hatch 208, de quem herda a plataforma. Fabricado em Porto Real (RJ), o modelo está em fase de pré-venda no Brasil até maio, quando as primeiras unidades começam a ser entregues aos clientes. Possui duas versões de acabamento: Allure e Griffe, com opções de motor 1.6 aspirado ou 1.6 turbo, ambos flex. A configuração de entrada custa R$ 67.190 com câmbio manual de cinco marchas, chegando a R$ 70.890 com o automático de quatro velocidades. A topo de linha Griffe THP sai por R$ 79.590 e é a única com propulsor turbo e transmissão manual de seis marchas.
Prós
Conforto é a palavra-chave do 2008. Soma-se a esta qualidade, bom acabamento interno, comandos à mão, suspensão bem acertada e direção elétrica precisa. Destaque para o volante pequeno, o quadro de instrumentos elevado e - a novidade - o freio de estacionamento tipo manche de avião (que causa certo estranhamento num primeiro contato, mas logo você se acostuma).
Desde a versão básica, o 2008 vem com ar-condicionado com duas zonas de temperatura, rodas de liga leve, quatro airbags, luzes diurnas de LED, sensor de estacionamento traseiro, rádio com tela de sete polegadas sensível ao toque e comandos no volante, GPS, Bluetooth, entradas auxiliar e USB e função streaming (reproduz músicas via Bluetooth). A partir de maio, o proprietário poderá baixar um aplicativo para smartphone (iPhone ou Android) que permite ver na tela do celular informações da central multimídia do carro (autonomia, consumo, tempo e distância de um trajeto e até consultar onde o carro está estacionado usando o GPS).
O 2008 é uma boa opção se você procura um carro confortável e prático para usar no dia a dia. Ele leva três pessoas no banco traseiro sem muito aperto e o porta-malas de 355 litros é suficiente para as malas da família. Mas se desempenho for muito importante para você ou se as viagens serão constantes, fique com a versão Griffe THP.
Contras
O principal problema do 2008 é a antiquada transmissão automática de quatro velocidades. Ela deixa o comportamento do carro lento, especialmente na estrada. A Peugeot argumenta que a escolha foi mercadológica, já que esse câmbio é mais barato e não exige adaptações, como seria preciso para usar a caixa de seis velocidades do 308. Por isso, se você espera agilidade nas mudanças de marcha, é melhor fazer uso das borboletas atrás do volante - de série nas versões automáticas. Considerando que o 208 com esse câmbio vende bem, pode ser que a Peugeot esteja certa em acreditar que 70% das vendas do 2008 serão do modelo automático.
O 2008 também não possui configurações 4x4, mas nem por isso quer ficar restrito ao uso urbano: a opção topo de linha possui um sistema chamado Grip Control que distribui a força entre as rodas dianteiras quando há perda de tração em uma delas. Na prática, ajuda a encarar um terreno com barro ou uma ladeira na chuva, mas não dá para abusar, caso contrário, você vai acabar atolado.
- JAC T6
Apesar do porte de SUV grande, o JAC T6 terá de enfrentar a concorrência pesada dos novos SUVs compactos, pois seu preço de R$ 69.990 o enquadra aí. Mesmo com uma acanhada expectativa de vendas, a marca de origem chinesa apostou novamente na receita de oferecer mais por menos que fez caracterizou a marca quando entrou no mercado nacional.
Prós
Ao contrário de alguns concorrentes, a lista de itens de série do T6 que é grande e a de opcionais, pequena. Traz de série direção com assistência elétrica, vidros elétricos nas quatro portas, ar-condicionado, regulagem elétrica de espelhos, ajustes de atura para volante e banco do motorista, faróis e lanternas de neblina, banco traseiro bipartido, regulagem de altura dos faróis e rodas de liga leve aro 17. Um dos poucos opcionais é a tela central multimídia de toque, que agrega câmera de ré e pode espelhar a tela do celular.
O JAC tem o maior porte em relação aos seus concorrentes mais novos e leva cinco adultos sem preocupações. Para caber tudo, são 4,5 m de comprimento, 1,8 m de largura, 1,7 m de altura e 2,6 m de entre-eixos. O porta-malas abriga 610 litros de bagagens.
Contras
O “grandalhão” T6 traz um motor 2.0 flex 16V de 160 cv com etanol e 155 cv com gasolina. O torque é de 20,6 kgfm e 20 kgfm, respectivamente. Com 1.505 kg e apesar de ter uma potência relativamente alta no papel, o JAC tem muita carroceria para movimentar e o pico de torque acontece apenas aos 4.000 rpm. O acerto de suspensão também poderia ser melhor, pois prioriza o conforto. O grande revés do T6 é não oferecer câmbio automático como todos os seus rivais. Há apenas o manual de cinco velocidades. A JAC prometeu a caixa automática para 2016, mas virá em conjunto apenas com um motor 2.0 turbo a gasolina.
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