09/05/2019 - Rodrigo França / Fotos: Divulgação / Fonte: iCarros
Ayrton Senna e Interlagos. Quem é fã de velocidade sabe que esta combinação é histórica para o Brasil. Afinal, foi no autódromo paulistano onde o piloto brasileiro venceu pela primeira vez o GP Brasil de F1, em 1991. Foi uma vitória a la Senna: com raça, superação e determinação, levando o carro apenas com a sexta marcha nas voltas finais.
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Uma vitória épica de um piloto que se tornou ícone do esporte após sua morte, em maio de 1994. Agora, 25 anos depois, o evento em São Paulo celebrou o legado do tricampeão mundial. Mas a grande estrela foi o McLaren Senna, demonstrado ao público pela primeira vez no Brasil. Para mim, isso significou um presente especial: a chance de testar esse superesportivo de 800 cv.
Números impressionantes
Quando foi apresentado oficialmente no Salão de Genebra do ano passado, o Senna chamou a atenção com seus números. De cara, foi o McLaren de rua mais rápido já construído. Todo pedigree das pistas está nele, já que a marca inglesa é detentora de diversos títulos na F1, incluindo os 3 de Ayrton Senna (1988, 1990 e 1991).
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O motor 4.0 V8 biturbo gera torque de 81,6 kgfm. A aerodinâmica foi toda trabalhada para fazer com o que o bólido faça curvas o mais rápido possível sem desgrudar do chão. Essa é a explicação para sua enorme asa traseira e apêndices aerodinâmicos. Resultado: 800 kg de downforce.
Pesando somente 1.198, o Senna tem sua construção toda em fibra de carbono. Graças a essa construção leve ao motor V8, ele é capaz de fazer 0 a 100 km/h em apenas 2,8 segundos. Talvez ainda mais impressionante, 0 a 200 km/h em 6,8 segundos, com velocidade máxima de 335 km/h.
Impressões ao pilotar
As impressões foram curtas, baseadas em duas voltas controladas no circuito de Interlagos, com o carro número 0 produzido na fábrica de Woking, na Inglaterra. Este protótipo veio ao Brasil justamente para fazer as homenagens aos 25 anos de legado de Ayrton Senna e para a avaliação feita por um restrito grupo selecionado pela família Senna.
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A pintura foi feita pelo estúdio de Sid Mosca – o mesmo que desenhou o icônico capacete de Senna na F1 – em um layout criado por Raí Caldato, brasileiro responsável pelo desenho do capacete de Lewis Hamilton. Em minha primeira impressão do carro, foram justamente esses detalhes que mais chamaram a atenção e contribuíram para a beleza do carro.
Um ponto criticado pela mídia internacional tem a ver com o design totalmente voltado à aerodinâmica do Senna, sem preocupação estética. A própria McLaren admitiu que tudo no Senna é pensado em performance e melhorar a velocidade do carro, mesmo que isso signifique um visual mais agressivo e impactante.
Como as voltas eram demonstrativas (e não para chegar ao limite do carro), a experiência no cockpit se aproximou bastante de um teste de carro de rua. Até o cinto de segurança usado era o de três pontas (e não o de cinco no banco, como em competição). Mas aí vem a exigência: capacete era obrigatório, já que, afinal, estamos pilotando em um circuito.
McLaren Senna X F1
Com luva, capacete e macacão, aciono o botão para ligar a máquina e colocar os 800 cv à disposição do meu pé direito. Posicionado no teto, a partida faz parecer um comando para ligar uma nave - nada mais apropriado para um carro tão exótico quanto o Senna. Ao contrário de alguns superesportivos, o interior não tem acabamento requintado.
Mas que fique claro: luxo aqui é ver a fibra de carbono nos detalhes. Aqui é forma e função como no exterior. Seu charme é o vidro na parte inferior da porta, que ajuda a dar uma sensação a mais de velocidade. Ainda mais quando o carro está grudado no solo fazendo curvas como se estivesse pilotando um Fórmula 1, ainda mais numa pista como Interlagos.
Quando contornei o S do Senna, com o McLaren Senna, durante a homenagem ao ídolo feita em Interlagos, foi preciso segurar a emoção. Na hora veio em mente mais um sonho realizado: é o carro de rua mais veloz que pilotei na vida! A responsabilidade era grande. Lembrei de outra ocasião onde senti este mesmo frio na barriga: quando acelerei um F1 da equipe Lotus Renault no circuito de Paul Ricard, na França.
Ao meu lado, está o instrutor da McLaren Brasil, um amigo de longa data: Rodrigo Hanashiro, que já competiu na Stock Car. Ele até que me incentivou a acelerar mais, mas confesso a você, não senti medo de pisar fundo. Mas só o pisei fundo para valer nos trechos em reta e nas saídas de curva.
Esta é uma diferença importante: o F1 é brutal, arisco, sai de traseira mesmo que você pise meio acelerador a 80 km/h. O Senna não. Ele é um gentleman inglês na tocada. Sabe ser suave se precisar para andar na rua a 50 km/h. Mas, se você o provocar, este McLaren logo mostra a que veio. Foi o nosso caso por poucos segundos nos trechos a mais de 220 km/h na Reta Oposta e na Reta Principal.
Veloz e obediente
Não cheguei a provocar o Senna, mas ficou claro que, se o piloto for abusado, ele terá que extrair todo seu talento para levar este carro ao limite. O McLaren Senna mostrou ser um carro na mão o tempo inteiro. A resposta é absurda: você vira o volante e o carro responde imediatamente, mesmo nas curvas de raio longo e de alta velocidade.
Quando ultrapassei os 200 km/h pela primeira vez, entrando na reta dos boxes, freei tão cedo que tive que deixar o carro andar sem acelerar por preciosos segundos. Ainda bem que não era uma volta valendo pole position. Se eu quisesse parar totalmente o carro, eu conseguiria em apenas 100 metros. Impressionante.
Quando apontei para a tomada da primeira curva à esquerda, no S, o carro virou tanto que nem precisei reposicioná-lo para o contorno da segunda perna (para direita). Tudo o que um piloto mais precisa para ganhar tempo na pista. Mas tudo longe do limite do carro, afinal, ninguém queria estragar a atração do Senna Day e causar prejuízo em um modelo único no Brasil, avaliado em R$ 9 milhões.
Mais veloz que o Stock Car
O câmbio de dupla embreagem com sete marchas é suave – e obviamente pedimos para conduzir no modo manual. Tentei reproduzir na minha cabeça aquela famosa volta de Ayrton Senna narrando uma volta de F1 em Interlagos. “Terceira, quarta, quinta… sexta marcha”, disse ele a mais de 300 km/h na Reta Oposta.
Foi neste trecho do circuito onde vimos o quão rápido ele ultrapassa os 200 km/h. Ele superou facilmente a marca neste trecho, fazendo a longa reta parecer um kartódromo. Mesmo sem acelerar forte, a volta em um tempo de 2 minutos é fácil para um carro de rua pronto para um passeio de domingo. Imagine o poderia render se calçado com pneus slicks, colocado no modo racing e com um piloto profissional no volante.
Fiquei com esta dúvida na cabeça e aproveitei para dividir a opinião com dois especialistas que também pilotaram o McLaren Senna em Interlagos naquele dia: Cacá Bueno, pentacampeão da Stock Car, e Rubens Barrichello, o recordista de participações de GPs na F1.
“Com certeza chegaria perto dos 1min30seg, mais rápido que o nosso Stock Car”, disse Cacá, piloto iCarros que também teve a honra de pilotar o McLaren Senna levando convidados e patrocinadores para a experiência de volta rápida no Senna Day. “Andamos com pneus de rua, fosse o de competição é outro tipo de comportamento do carro e o tempo de volta diminui muitos segundos”, completou Barrichello.
Conclusão
E mesmo nas voltas cautelosas, o Senna parece desafiar você a pisar mais fundo. “Vamos lá, acredite no pedal da direita, pode acelerar”, parecia falar comigo. O carro mostra que você está bem longe do limite.
E é isso que o McLaren Senna no final do dia é: um carro de corrida que pode andar na rua. Se eu tivesse R$ 9 milhões na conta eu teria um na garagem? Sou suspeito para falar: eu vi o Ayrton Senna correndo em Interlagos em nos anos 1990. E quando se envolve paixão, o dinheiro deixa de ser racional. Não por acaso, as 500 unidades lançadas já foram vendidas.
Mas que fique claro. Este não é um carro para apenas ostentar, ficar parado ou mesmo andar na rua, por mais que ele tenha permissão para isso. O Senna nasceu para acelerar em um autódromo – e isso explica seu nome e sua paternidade que norteou todo conceito e projeto. E não haveria melhor lugar no mundo para ele que o solo sagrado do autódromo de Interlagos.
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