25/01/2011 - Anelisa Lopes / Fonte: iCarros
Abrir o email diariamente requer uma dose extra de paciência no que diz respeito a spams e correntes divulgadas eletronicamente. Normalmente, este tipo de mensagem é enviado automaticamente para o lixo eletrônico, mas muitas pessoas, antes de confirmarem sua veracidade, encaminham e espalham informações que, na maioria das vezes, não correspondem à realidade.
Como se livrar das multas
Um email bastante recorrente fala sobre a possibilidade de anular a multa de rodízio (para carros que circulam na capital paulista) caso o motorista se encontre em meio a um congestionamento. No texto, o autor sugere ao condutor que não conseguirá sair do trânsito até o tempo estipulado pelo rodízio (entre 7h e 10h e 17h e 20h), ligar para o número 156 (número geral da Prefeitura), identificar-se e informar o operador sobre a sua dificuldade. O funcionário, por sua vez, vai anotar os dados e fornecer o protocolo, o qual poderá ser usado na defesa da multa, que será cancelada.
Já outra mensagem diz respeito à forma como o condutor deve atravessar o farol sem a possibilidade de ser multado caso a luz esteja amarela. Segundo o email, ele deve ultrapassar o semáforo somente se já tiver passado a linha de retenção (que antecede a faixa de pedestre). Caso contrário, cometerá uma infração, pois, de acordo com o spam, existe um cálculo de tempo determinado, calculado pelas empresas que fazem a linha, para o motorista passar pela faixa a tempo.
A CET (Companhia de Engenharia e Tráfego) esclarece que a mensagem anônima divulgada pela internet que orienta os motoristas a ligar para o número 156 para obter um número de protocolo com o objetivo de anular multas recebidas por desobediência ao rodízio não tem fundamento. A fiscalização e autuação do cumprimento do rodízio continuam as mesmas desde a implantação, em 1997, e as multas aplicadas por circulação em horário proibido são cobradas normalmente.
Ainda segundo a companhia, o Código de Trânsito Brasileiro estabelece que, caso o semáforo esteja no amarelo antes do motorista passar na linha de retenção, ele deve parar. Caso já tenha ultrapassado a linha de retenção, o motorista deve continuar, pois o tempo de amarelo do semáforo deve ser suficiente para completar a passagem em segurança.
Ar-condicionado venenoso
“Por favor, ao entrar no carro, abra as janelas antes de ligar o ar-condicionado. De acordo com pesquisas, o painel de instrumentos, assentos e tubagens de refrigeração emitem benzeno, uma toxina causadora de câncer (note o cheiro de plástico quente dentro do carro). Além disso, envenena os ossos, causa anemia e reduz os glóbulos brancos.
O nível aceitável de benzeno é de 0,05 grama por cm². No interior de um carro estacionado, com as janelas fechadas, há entre 0,37 e 0,74 mg de benzeno. Se estiver estacionado sob o sol, a uma temperatura superior a 16ºC, o nível de benzeno sobe para 1,84 mg - 3,68 mg (40 vezes superior ao nível aceitável). Dessa forma, as pessoas aspiram uma quantidade enorme de toxinas.
Recomenda-se abrir as janelas e portas para que o ar quente possa sair, antes de ligar o ar condicionado. O benzeno também afeta os rins e o fígado, já que é uma substância tóxica dificilmente expelida pelo organismo”.
Após ler este email, é bem provável que algumas pessoas até deixem de usar o ar-condicionado. “Um email deste tipo precisa ter a fonte, as normas técnicas, o veículo e a época em que os testes foram feitos”, adverte Ricardo Bock, professor de engenharia mecânica da FEI.
O engenheiro explica que algumas colas (substância que possui benzeno) usadas há alguns anos nos carros são diferentes das utilizadas atualmente. Além disso, todos os materiais plásticos dos veículos possuem níveis de emissões e qualidades controlados. Os carros em linha passam por homologações periódicas, feitas anualmente. Ou seja, os produtos são testados antes de serem vendidos. “Por isso, é necessário saber em que época e com qual veículo este teste foi feito. É primordial que tenha as normas técnicas e a fonte”, explica Bock.
O benzeno é uma substância tóxica conhecida por produzir uma variedade de efeitos adversos à saúde humana, incluindo anemia e câncer. Os polímeros (plásticos e borrachas) que compõem o interior dos automóveis (incluindo tecidos, dutos, revestimentos, guarnições, espumas etc.) emitem compostos orgânicos voláteis, denominados VOCs.
Estes componentes poliméricos que compõem o interior dos automóveis são responsáveis pela formação do característico "cheiro de carro novo". Os VOCs estão presentes nos componentes na forma de resíduos e em quantidades reduzidas. Com o tempo, evaporam e o “cheiro de carro novo” desaparece com alguns meses de uso.
De acordo com o consultor técnico da Fiat Carlos Henrique Ferreira, o benzeno pode fazer parte desta lista de substâncias e, como mencionado anteriormente, é realmente potencialmente tóxico e cancerígeno. O nível de emissão por evaporação das peças do interior do veículos, porém, é muito baixo, não caracterizando riscos aos usuários.
"No texto enviado existe uma série de erros de denominação, como caracterizar o benzeno como toxina e erros graves de unidades, que se perpetuam em todas as citações, portanto trata-se de uma tradução com pouco cunho técnico, quase um texto de um leigo", diz. "Portanto, da forma como esta informação se encontra, não tem fundamento, além de ser muito genérica", diz.
Ferreira recomenda abrir as janelas e andar uma média de 200 metros antes de ligar o ar condicionado, já que é uma excelente atitude para garantir um bom desempenho do sistema, contribuindo até com uma economia de combustível por não forçar o equipamento.
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