Em 1993, o segmento dos sedãs médios no Brasil era disputado por apenas cinco modelos. Em 2007, o nicho já abrigava 13. Disputa de carrões. Perfil familiar, prioridade para o conforto e espaço para bagagens. Uns mais, outros menos, todos cheios de encantos para encher os olhos (e esvaziar um bom tanto os bolsos) do consumidor. A GM, do alto das suas 430 mil unidades do Vectra já comercializadas desde seu lançamento em 1993, está empenhada em aumentar sua participação no segmento, que em 2007 foi de 17,3%, com o lançamento do Vectra Elite 2.0.
A estratégia é simples: trazer o Vectra para uma faixa de preço mais baixa
Clique aqui, oferecendo o mesmo nível de sofisticação e conforto da versão mais alta. Como? Substituindo o motor 2.4 da versão Elite, top de linha, pelo propulsor 2.0 que já equipava as outras duas versões, mais simples. Com a diferença de IPI (18% para modelos com motores acima de 2.0 litros e 11% para modelos com propulsores abaixo de 2.0 litros), o carro ficou cerca de R$ 6.500 mais barato, 32 cavalos mais lento, mas manteve todas as suas qualidades de refinamento, conforto interno e recursos de bem-estar à bordo, presentes na versão 2.4.
Bingo! A GM conseguiu atingir o seu objetivo: O Vectra Elite 2.0 está no mesmo patamar de preços dos seus mais ferozes concorrentes, o todo-bonitão Honda Civic e o bem-amado Toyota Corolla, ambos em suas versões topo de linha e à frente na preferência do consumidor. Mas, será que 32 cavalos não fazem mesmo diferença?
Bonito a quem parece
A frase popular reflete bem a condição do Vectra. Com visual renovado a partir de outubro de 2005, hoje sua aparência já divide opiniões. Moderníssimo para alguns, mas um pouco cansado para outros. Há, sem dúvida, concorrentes mais bonitos. O visual externo, mais para sisudo que para esportivo, cai bem para o interior discreto e impecável, que oferece alto nível de conforto. O modelo tem o maior entreeixos da categoria (2.703 mm) e o maior porta-malas (526 litros; 470 kg), dois itens que podem ser fatores decisivos na hora de decidir a compra.
Sentando a pua!
Senta a pua! é o símbolo e grito de guerra do 1º Grupo de Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira, criado durante a Segunda Guerra Mundial, e significava na época simplesmente partir para cima. Hoje, em tempos de paz, resumiu-se a uma exclamação empolgada, incentivando exigir o máximo durante a avaliação do Vectra 2.0 na pista de testes da GM, em Indaiatuba, interior de São Paulo.
A segunda maior e mais completa pista de testes do mundo simula todas as características de pisos, que pululam pelas ruas e estradas Brasil afora. Subidas, descidas, curvas, ondulações, buracos, paralelepípedos e até uma reta infinita (na verdade um círculo perfeito com parte da pista inclinada), para pisar na tábua sem dó, buscando a velocidade máxima.
Quase 30º à sombra, ar-condicionado no máximo e três pessoas fortinhas à bordo. Uma volta de reconhecimento, outra de adaptação e a última (que pena), fazendo jus ao lema, sentando a pua! O conforto, vale reforçar, não deixa nada a desejar. Bancos envolventes e firmes, ar-condicionado silencioso e eficiente, excelente ergonomia. O câmbio automático de quatro velocidades, antes exclusivo da versão 2.4, oferece três modos de operação: econômico, esportivo e antipatinação.
Mesmo mantendo as mesmas relações do 2.4, oferece bom escalonamento para o motor de 128 cavalos e 19,6 mkgf de torque máximo (aos 2.400 rpm) do 2.0. Excelente para passear.
Desempenho de tiozão
Em ritmo de cruzeiro, o Vectra 2.0 foi bem no roteiro misto. É silencioso dentro da cabine, que isola muito bem o som, mas repassa os sacolejos em demasia. O carro pareceu muito duro nos trechos esburacados, mas em compensação foi muito firme mesmo nas curvas mais fechadas.
O câmbio responde bem tanto ao quickdow no acelerador, como ao comando por meio da alavanca. Mesmo assim, faltou força ao motor em baixos giros, mesmo no modo esportivo.
Segundo a GM, o Vectra 2.0 acelera de 0 a 100 km/h em 11,9 segundos (com álcool) e atinge velocidade máxima de 197 km/h. Provavelmente em condições ideais. Deixando a aceleração de lado, a velocidade máxima alcançada hoje na reta infinita(com três pessoas e ar-condicionado ligado) foi de 160 km/h, no velocímetro. Nada muito empolgante.
Em síntese, um automóvel elegante e confortável, mas com desempenho apenas modesto. O motor 2.0 Flexpower de oito válvulas é elástico, silencioso e confiável, mas é manso demais. Bem ao gosto de um tiozão.
GOSTAMOS
- Conforto interno
- Baixo nível de ruído
- Dirigibilidade
- Relação custo-benefício
- Espaço no porta-malas
NÃO GOSTAMOS
- Desempenho
- Suspensões duras