09/09/2015 - Gabriel Aguiar, de Mogi Guaçu (SP) / Fotos: Divulgação / Fonte: iCarros
Se quando foi lançado no Brasil em 2007, o Renault Sandero tinha como principal apelo de compra o aspecto racional baseado em amplo espaço interno e preço competitivo, agora, a história é outra com a chegada da versão RS. Não que tais qualidades tenham sido esquecidas a favor da esportividade, mas é preciso saber quanto o Sandero se distanciou das raízes para buscar novas inspirações. Se isso não tem muita lógica diante da estratégia de mercado do hatch, é praticamente a síntese do próprio RS: menos razão e mais emoção.
"O novo Sandero RS foi criado para o público entusiasta, que realmente é um apaixonado por carros e que tem desejo pelas linhas AMG da Mercedes-Benz, RS da Audi e M da BMW, mas que não tinha opções mais 'realistas' no mercado", disse Bruno Hohmann, diretor de marketing da marca no Brasil. Quase três meses após ser mostrado ao público durante Salão de Buenos Aires, na Argentina, o iCarros, então, colocou à prova o Sandero RS nas pistas do autódromo Velo Cittá, em Mogi Guaçu (SP). O modelo já está disponível em algumas concessionárias da marca e chegará a todas as lojas do País até o final desta semana por R$ 58.880.
Mudanças mecânicas para ganhar sobrenome RS
Feito em São José dos Pinhais (PR), este é o primeiro modelo RS a ser fabricado fora da França - de acordo com a marca, já está confirmada a venda nos mercados argentino e mexicano. O propulsor flex 2.0 16V de 150 cv é praticamente o mesmo já utilizado no Duster, importado da França. Porém, foram realizadas mudanças no sistema de admissão, que ficou 20% maior no hatch, melhorando a respiração do propulsor e, além disso, foi adotado um novo mapeamento da injeção eletrônica e um sistema de escapamento retrabalhado, com diâmetro maior e um novo silenciador.
A transmissão manual de seis velocidades também veio do SUV, mas as marchas ganharam relações mais curtas, enquanto a suspensão ficou mais rígida e baixa (são 2,5 cm a menos que as versões convencionais). Com torque de 20,9 kgfm a 4.000 rpm, ele cumpre aceleração de 0 a 100 km/h em 8 segundos, enquanto a velocidade máxima chega a 202 km/h - contra 11 segundos e 179 km/h do modelo 1.6. Os números de consumo também comprovam a vocação sedenta do RS – o consumo do computador de bodo foi de de 8,5 km/l contra 9,8 km/l 1.6 flex, sendo ambas as médias obtidas com o carro abastecido com etanol.
Uma novidade é o seletor de modo de condução, que permite alterar o comportamento do carro conforme as preferências do condutor por meio de um botão no painel. Ao todo, são três configurações disponíveis, que alteram a resposta do acelerador, o mapeamento da injeção eletrônica e o barulho do motor. No modo Normal, o hatch se comporta de maneira "civilizada", fica mais agressivo no modo Sport e tem como opção mais "arisca" a Sport+, que mantém os parâmetros do modo Sport, porém, desliga o controle de estabilidade.
Apesar da força extra sob o capô, é o "conjunto da obra" que impressiona no Sandero RS. O ajuste de suspensão deixou o carro firme nas curvas, porém, sem comprometer a absorção das imperfeições do asfalto. A carroceria não rola e, quando levado ao limite, o carro tende a sair de frente. O controle de estabilidade, no entanto, entra em ação apenas quando se faz necessário, mas sem interferir no papel do condutor. Ao invés de coibir o motorista, os auxílios eletrônicos ajudam a manter o carro na mão, evitando que pequenos erros se tornem grandes prejuízos. A direção é direta e a transmissão tem relações curtas, mas a alavanca poderia ter acionamento mais preciso, com engates mais justos e acertados, já que a quarta e sexta marcha se confundem no engate.
Vida a bordo no esportivo
Os bancos possuem bom apoio lateral, tanto do assento como do encosto, mas falta o ajuste de profundidade da direção para que a posição de dirigir realmente se adapte a cada condutor. O volante revestido de couro é o mesmo utilizado no Clio RS europeu, tem 10 mm a menos de diâmetro do que o volante original do Sandero, o que garante boa empunhadura e reforça o apelo esportivo.
O acabamento interno ganhou detalhes exclusivos, como bancos com novo revestimento, saídas de ar com apliques na cor vermelha, pedaleiras de alumínio e costura vermelha no volante e na manopla de câmbio. Apesar de a cabine ter sido revista, a construção geral segue a mesma das demais versões, o que indica uma profusão de plástico rígido e ausência de revestimento nas portas.
Entre os equipamentos de série, estão itens como sistema multimídia com tela sensível ao toque de sete polegadas e GPS integrado, sensor de estacionamento traseiro, piloto automático, travas, retrovisores e vidros elétricos nas quatro portas e ar-condicionado automático com comandos manuais, controle de estabilidade e assistente de partida em rampas. O único equipamento oferecido como opcional é o conjunto de rodas de liga leve aro 17, que substituem as rodas aro 16 que são oferecidas de fábrica. "Instalamos freios a disco nas quatro rodas, pensado para o uso nas pistas e capaz de parar de 100 km/h em 37,4 m, cerca de 3 metros a menos do que o Sandero convencional", explica Charles Courtouis, gerente de produto da Renault.
GT Line, o exclusivo
Além da nova versão preparada, a Renault apresentou a configuração GT Line, que custa R$ 48.990 e que toma como base a opção topo de linha Dynamique. Foram incluídos para-choques remodelados, rodas aro 16, saias laterais e difusor de ar sobre a tampa do porta-malas. Por dentro, o GT Line ganhou detalhes exclusivos na cor azul e novo revestimento dos bancos, mas sob o capô segue o mesmo propulsor flex 1.6 de 106 cv já disponível nas opções convencionais do hatch.
Vai vender? Em nenhuma parte da carroceria da versão esportiva RS está estampado o nome Sandero, o que entrega que este modelo deverá atingir um nicho que, atualmente, não consideraria o modelo para compra. A meta de até 200 carros por mês é realista, levando em consideração o investimento da marca em melhorias técnicas para a novidade e a falta de concorrentes diretos, já que o modelo mais próximo em proposta é o Fiat Punto T-Jet – que custa R$ 68.150 e entrega 152 cv de potência.
Prevendo que a apólice de seguro poderia ser um empecilho para alguns compradores, a Renault fez parceria com algumas seguradoras para garantir que o Sandero RS tivesse o mesmo índice do restante da linha, que é de 4,5% do valor do carro. Também haverá revisões a preço fechado, mas, ao contrário de outros modelos da marca, não será oferecido pacote de peças com valor fixo. Segundo a Renault, as três primeiras revisões são aproximadamente R$ 70 mais caras que as das versões 1.6. É difícil fazer previsões com a atual situação do mercado automotivo no Brasil, mas o novo Sandero RS tem conteúdo suficiente para se provar mais que uma promessa em meio a pseudoesportivos.
Viagem a convite da Renault
Leia o que já foi publicado sobre Sandero RS no iCarros
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