14/07/2015 - Anamaria Rinaldi / Foto: Divulgação / Fonte: iCarros
Segundo Décio Carbonari, presidente da ANEF (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras), esses financiamentos mais flexíveis foram criados para tornar veículos de luxo acessíveis a uma gama maior de consumidores. “E ao mesmo tempo são uma ferramenta utilizada pelas marcas como forma de fidelizar os clientes”, completa o executivo.
Veja abaixo o que cada empresa oferece e algumas dicas de um especialista para não se iludir com as condições atraentes e acabar com uma dívida maior do que você possa pagar.
Audi
A Audi oferece a seus clientes o Audi Pass, um plano de financiamento com entrada reduzida e, segundo a empresa, prestações 40% menores quando comparadas a um financiamento convencional. Com entrada a partir de 20%, o saldo restante é quitado em 23 prestações menores e uma parcela final. Essa 24ª parcela, porém, é mais rechonchuda: de 50% do valor da nota fiscal do veículo. Esse plano está disponível para os modelos A1, Q3, A3, A3 Sedan, A4 e A5.
Mas a cereja do bolo é que a Audi garante a recompra do carro ao final do contrato – ou seja, após dois anos - por no mínimo 50% do valor do veículo. Dessa forma, o cliente pode usar o modelo como entrada para fazer um novo financiamento. Entre as exigências para efetuar a recompra estão: o veículo precisa estar em sua configuração original, com no máximo 30 mil km rodados e com todas as revisões feitas em concessionárias da Audi.
A oferta parece muito boa, mas é preciso ter atenção. “Na hora da recompra, é importante checar quanto a concessionária irá considerar de desvalorização após dois anos. Em média, ela é de 15% no primeiro ano e de 10% no segundo. Provavelmente, eles oferecerão bem menos que isso. Se o cliente não ficar atento, receberá menos do que o carro realmente vale”, alerta o professor William Francini, coordenador do curso de Administração da FEI (Fundação Educacional Inaciana). Um Audi A1 Sportback 2013, por exemplo, custava R$ 99.900 zero quilômetro na época. Hoje, ele vale R$ 75.324 segundo a tabela FIPE – uma desvalorização de 24,6%.
Para o presidente da ANEF, porém, a oferta é tão boa quanto parece. “Ao final do contrato de financiamento, o cliente tem a opção da recompra por parte do concessionário, que servirá para quitar os 50% finais da dívida e dar entrada para o financiamento de um novo veículo zero quilômetro. Outra opção é aplicar o valor da compra à vista no mercado financeiro e utilizar parte do capital ao termino do período para quitar a dívida”, afirma Carbonari.
A Audi também faz promoções ao longo do ano. Em março, por exemplo, foi realizado o Open Haus. A campanha oferecia descontos que iam de R$ 6.000 a R$ 22 mil para os modelos A1, A3, A3 Sedan, Q3 e Q5, além de condições especiais como taxa zero, IPVA 2015 e um ano de revisão grátis.
E para o lançamento da nova geração do esportivo TT, em maio, a fabricante alemã criou um plano exclusivo de financiamento chamado Audi One Time. Ele consiste em pagar uma entrada de no mínimo 50% e mais uma parcela única depois de 12 meses da aquisição do veículo. Com esse plano, a entrada sai por R$ 104.995, mais uma parcela final de R$ 123.082,92. Assim, o total a prazo pago por um TT Attraction 2.0 é de R$ 228.077,92 – o valor de tabela é de R$ 209.990.
“Esse plano é ideal para executivos que recebem bônus, prêmios e participações de lucro de empresas, ou para quem prefere deixar o dinheiro rendendo em investimentos”, explica Alessandro Lora Ronco, superintendente de marketing da Audi Finance, marca do Banco Volkswagen.
BMW
A BMW não fica atrás e também oferece condições especiais de financiamento. Chamado de “Sign & Go”, o plano está disponível para os modelos 120i Sport, 225i Active Tourer, 320i Sport, 328i Sport GP, 528i M Sport, 535i M Sport e X1 sDrive20i. A entrada pode variar entre 0% e 49% e o saldo restante é quitado em 24 parcelas, sendo a prestação final de 50% do valor do veículo.
E adivinhem? A BMW também garante a recompra do carro após dois anos desde que o veículo esteja em sua configuração original, com limite de 30 mil km rodados e com todas as revisões realizadas nas concessionárias da marca.
Há ainda promoções especiais realizadas ao longo do ano. Durante o mês de maio, por exemplo, os flex Série 1 e X1 eram vendidos com descontos de R$ 7.000 (120i) e R$ 18 mil (X1 sDrive20i) para pagamento à vista. Já o Série 3 (320i) era oferecido com financiamento com 60% de entrada e o saldo restante em 18 parcelas mensais fixas com taxa de juros zero.
“O consumidor deve ter atenção com a taxa de juros zero, porque isso é diferente de custo zero. Não é apenas subtrair o valor da entrada e dividir o saldo restante pelo número de prestações. Estão inclusos no financiamento o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e a taxa de crédito, que custa até R$ 2.000”, orienta o professor Francini. Vale lembrar que a taxa proibida por lei é a TAC (Taxa de Abertura de Crédito), mas não há restrição à cobrança de outras taxas, como a TC (Taxa de Crédito).
O especialista também recomenda negociar primeiro o desconto máximo para o valor à vista e a partir daí discutir o financiamento. Assim você evita “falsos” descontos fornecidos, na verdade, sobre um valor acima do tabelado. “É fundamental também avaliar o Custo Efetivo Total, ou CET, que pode representar um gasto de quase metade do valor do carro nos dois anos de contrato”, completa.
O presidente da ANEF Décio Carbonari concorda que os financiamentos com taxa zero são muito atrativos. “Ainda mais nesse período de crise. Mas para o cliente verificar se está fazendo um bom negócio, ele deve sempre observar o CET na proposta e a partir desse detalhamento saber o que está sendo cobrado”, completa.
Jaguar Land Rover
Chamado Access, o plano de financiamento da Jaguar Land Rover é similar ao da Audi, com entrada a partir de 20%, mais 23 prestações reduzidas e uma parcela final de 50% do valor do veículo. E para não ficar atrás dos concorrentes de luxo, o grupo também possui o programa de recompra garantida por no mínimo 50% do valor da nota fiscal após dois anos da aquisição do veículo, permitindo usá-lo como entrada na compra de um zero quilômetro. As regras também são as mesmas. Mas, por enquanto, esse plano só está disponível para o Range Rover Evoque, o modelo mais vendido da Land Rover no País, e o Jaguar XF.
Por esse plano, o Evoque Pure Tech pode ser adquirido com entrada de R$ 78.510,23 e 23 parcelas de R$ 2.889,67, mais a prestação final no 24º mês de R$ 98.750. Dessa forma, o valor a prazo sai por R$ 243.722,41, enquanto o valor de tabela para compra à vista é de R$ 197.500.
A empresa já divulgou que pretende estender esse programa ao longo dos próximos anos para os outros modelos da Land Rover e da Jaguar. “As vantagens oferecidas por esse programa de benefícios deverão ampliar nossas vendas”, defende Ruben Barbosa, diretor de operações da Jaguar Land Rover Brasil.
Até o final de junho, ou enquanto durasse o estoque, todas as versões do Discovery também podiam ser financiadas com condições especiais. A oferta era: entrada de 50% e o saldo restante em 12 prestações, com taxa de juros zero.
Mercedes-Benz
Para fechar a lista, a Mercedes-Benz oferece diversos modelos com financiamento com taxa de juros zero até o final de julho. Feito pelo Banco Mercedes-Benz, o plano está disponível para algumas versões de Classe A, Classe B, Classe C, Classe E e CLA, além dos SUVs GLA e GLK. A entrada mínima é de 50% ou 60% e o saldo restante pode ser pago em até 12 ou 24 prestações, dependendo do veículo adquirido.
As versões C180 Avantgarde e C180 Exclusive, por exemplo, estão à venda com entrada de pelo menos 60% (equivalente a R$ 85.740) e mais 24 parcelas mensais fixas no valor de R$ 2.481,06. O total a prazo sai por R$ 145.285,44, contra os R$ 142.900 do preço de tabela para compra à vista - não se esqueça de que são cobrados outros valores no financiamento, como IOF e taxas do banco.
Já o A 200 pode ser adquirido com entrada mínima de 50% (igual a R$ 60.750) e o restante do pagamento em 24 parcelas fixas de R$ 2.634,74, somando R$ 123.983,76 pelo financiamento – o valor à vista é de R$ 121.500.
Não se esqueça dos outros custos
Com as opções de financiamento e os descontos frequentemente oferecidos pelas fabricantes, pode estar mais fácil conquistar seu primeiro carro de luxo – ou mesmo fazer um upgrade. Mas não se esqueça de colocar na calculadora os custos com documentação, impostos e, principalmente, o seguro. O professor Francini recomenda reservar ao menos 10% do valor do veículo para esses outros gastos que você terá após a compra.
Para exemplificar o peso disso em um modelo de luxo, vamos usar como base o hatch Audi A1, o carro de entrada da marca, e o sedã BMW 320i. O IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) varia de acordo com o Estado. Em São Paulo, a alíquota é de 4% para veículos flex ou a gasolina, o que dá R$ 3.725 de imposto pelo A1 e R$ 4.663 pelo 320i. Já o seguro, usando um perfil padrão para homem casado de 50 anos, é de R$ 3.648 para o Audi e de R$ 6.322 para o BMW, segundo cotação da Porto Seguro.
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